O setor avícola brasileiro passa por um período de turbulência com a confirmação do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no país. A expectativa, segundo relatório do Citi, é de uma “inundação” de frango no mercado interno, provocando uma queda significativa nos preços da proteína nos próximos meses.
Nos primeiros quatro meses de 2025, o Brasil exportou cerca de 1,7 milhão de toneladas de carne de frango, com a China absorvendo cerca de 200 mil toneladas desse total. Com a recente ameaça sanitária, as exportações podem sofrer uma desaceleração, levando a um excedente de frango no mercado nacional. Especialistas apontam que essa maior oferta tende a diminuir os preços, tornando o frango mais acessível ao consumidor brasileiro.
Esse impacto não se restringe apenas ao setor avícola. De acordo com a análise do Citi, a baixa no preço da carne de frango pode influenciar diretamente o consumo de carne bovina. Com a migração de consumidores para uma alternativa mais barata, cortes bovinos de menor valor podem sofrer redução na demanda, pressionando também os preços do gado.
Nos contratos futuros, o reflexo já pode ser observado. Os valores do boi gordo para os próximos meses caíram abaixo da casa dos R$ 300 e R$ 330 por arroba, os menores patamares registrados desde março deste ano.
Para os produtores avícolas, o futuro dependerá de dois fatores principais: a retomada das exportações e a capacidade de reorganização da produção. Caso a suspensão das exportações seja curta, a normalização pode ocorrer rapidamente. No entanto, se a margem de lucro continuar apertada, a produção futura pode ser reduzida, o que pode pressionar os preços do frango e dos ovos no médio prazo.
A situação segue em constante monitoramento por especialistas e autoridades do setor, enquanto o Brasil busca estratégias para minimizar os impactos econômicos e manter sua competitividade no mercado global de proteína animal.