O número de alunos autistas matriculados em escolas comuns no Brasil dobrou entre 2022 e 2024, chegando a 884,4 mil estudantes. Apesar do avanço na inclusão, muitas instituições de ensino não possuem protocolos adequados para lidar com episódios de agressividade, deixando professores e alunos vulneráveis.
A falta de formação específica para docentes agrava o problema, resultando em abordagens inadequadas e, em alguns casos, perigosas. Há registros de tentativas de contenção física que não são permitidas no Brasil, colocando em risco tanto os professores quanto os próprios alunos. Especialistas alertam que, sem treinamento adequado, os profissionais podem agir de forma impulsiva, aumentando o estresse e a insegurança dentro das escolas.
O Ministério da Educação afirma que os cursos de formação oferecidos aos professores não priorizam técnicas terapêuticas, focando apenas em questões pedagógicas. No entanto, especialistas defendem que é essencial preparar toda a comunidade escolar para prevenir crises e agir corretamente quando necessário.
A solução passa por estratégias como desaceleração e evasão, que ajudam a evitar o agravamento dos episódios sem recorrer à contenção física. Além disso, a parceria entre família e escola pode ser fundamental para identificar gatilhos e desenvolver abordagens mais eficazes.
A inclusão escolar é um direito garantido por lei, mas sem protocolos adequados, o ambiente escolar pode se tornar um espaço de insegurança para todos os envolvidos. Especialistas reforçam a necessidade de investimentos em capacitação docente e na criação de diretrizes claras para garantir um ensino verdadeiramente inclusivo. 🚀
O que deve ser feito.
1. Formação dos professores
A maioria dos docentes não recebe treinamento específico para lidar com crises de alunos autistas. Os cursos de formação priorizam aspectos pedagógicos, deixando de abordar estratégias terapêuticas para contenção segura. Além disso, há poucas iniciativas governamentais voltadas à qualificação dos educadores nessa área. Sem esse preparo, professores acabam adotando abordagens impulsivas ou inadequadas.
2. Experiências de famílias e alunos autistas
Muitos pais relatam que enfrentam resistência das escolas na adaptação de materiais e metodologias. Além disso, algumas famílias precisam intervir diretamente no ambiente escolar para garantir que os filhos tenham um aprendizado adequado. Existem também exemplos positivos, onde escolas implementaram técnicas como ambientes sensoriais adaptáveis e suporte especializado, promovendo uma inclusão mais eficaz.
3. Estratégias e protocolos eficazes
Países como Canadá e Reino Unido possuem protocolos estruturados para lidar com crises de alunos neurodivergentes, incluindo salas de descompressão e profissionais de suporte treinados. No Brasil, algumas instituições particulares e ONGs já adotam técnicas como desaceleração e evasão, evitando confrontos diretos durante episódios de crise. Modelos internacionais poderiam servir de referência para implementar diretrizes eficazes em escolas públicas.
4. Impactos psicológicos e emocionais
A falta de um ambiente seguro pode gerar ansiedade e baixa autoestima em alunos autistas, afetando sua socialização e aprendizado. Professores também relatam medo e insegurança, devido à falta de preparo para lidar com situações de agressividade. Isso pode resultar em afastamento do docente, além de aumentar o estresse e a sobrecarga emocional dos profissionais da educação.
5. Políticas públicas e legislação
Embora a inclusão escolar seja um direito garantido por lei no Brasil, não há regulamentações claras sobre protocolos de intervenção em crises. Estados e municípios possuem abordagens distintas, sem uma diretriz nacional padronizada. A implementação de formação obrigatória para docentes e de equipes de apoio especializadas poderia fortalecer o cumprimento da legislação e melhorar a inclusão.
6. Tecnologia como aliada na inclusão
Softwares de comunicação alternativa, como apps baseados em pictogramas, ajudam alunos autistas não-verbais a se expressar. Além disso, dispositivos de realidade virtual podem auxiliar na adaptação sensorial e no desenvolvimento de habilidades sociais. O uso dessas tecnologias poderia ser ampliado no ensino público, tornando o aprendizado mais acessível e inclusivo.