Uma nova abordagem para o diagnóstico de câncer de próstata pode mudar o jogo na detecção precoce da doença. Pesquisadores britânicos desenvolveram um teste de saliva que analisa o DNA dos homens para identificar aqueles com maior risco de desenvolver tumores agressivos. O estudo, publicado na revista New England Journal of Medicine, revelou que esse método pode ser mais eficaz do que os exames tradicionais.
Como funciona o teste?
Ao invés de procurar sinais diretos da doença, o exame analisa 130 mutações genéticas que podem aumentar o risco de desenvolvimento do câncer de próstata. Homens entre 55 e 69 anos participaram do estudo, e aqueles que apresentaram maior risco foram encaminhados para exames adicionais, como biópsia e ressonância magnética.
Dos 745 homens com pontuação alta, 187 foram diagnosticados com câncer de próstata, sendo 103 com tumores agressivos que exigem tratamento imediato. O impacto da descoberta pode ser significativo para evitar diagnósticos tardios e procedimentos invasivos desnecessários.
Promessas e desafios
Especialistas afirmam que o teste pode ser um avanço importante, permitindo que médicos realizem exames mais direcionados em pacientes de risco, reduzindo o número de tratamentos desnecessários. No entanto, ainda há desafios a serem enfrentados. Entre eles, está a necessidade de mais estudos para confirmar que o exame pode realmente salvar vidas.
Além disso, a pesquisa foi feita com homens de ascendência europeia, e ainda há trabalho em andamento para adaptar o teste para diferentes grupos étnicos, especialmente os homens negros, que possuem um risco duas vezes maior de desenvolver a doença.
Futuro do teste
Embora a perspectiva seja promissora, a implementação do exame em larga escala pode demorar anos. A equipe de cientistas espera que o teste faça parte do estudo Transform, que busca aprimorar o rastreamento do câncer de próstata no Reino Unido. Segundo especialistas, ainda há dúvidas sobre a relação custo-benefício, os possíveis danos e o momento ideal para utilizar esse método.
Michael Inouye, professor da Universidade de Cambridge, vê o estudo como um “marco” na aplicação da genética na medicina. No entanto, ele alerta que ainda há um longo caminho para a incorporação do teste pelo sistema público de saúde.
Com os avanços contínuos na área, a detecção precoce do câncer de próstata pode estar prestes a dar um grande passo. Mas, por enquanto, os especialistas recomendam cautela e mais pesquisas antes da implementação definitiva.